Numa
altura em que estão a aparecer no mercado cada vez mais adestradores caninos (e
o Centro Canino Vale de Lobos tem algum mérito nisso uma vez que todos os anos
forma diversos profissionais nesta área), convém lembrar que esta, como todas
as profissões, deve reger-se por um código deontológico que nos deve conduzir ao
longo de todo o nosso percurso profissional.
Como
ainda não existe nenhuma associação deste grupo de profissionais que possa
elaborar um código ético para a profissão, e para prevenir abusos de várias
naturezas, cujos únicos atingidos serão não só as pessoas e os seus cães que, de
boa-fé, confiam nos serviços do profissional que escolhem, mas também os
colegas que, mesmo trabalhando honestamente, vêm a sua actividade profissional
manchada e desacreditada por pessoas com poucos escrúpulos e que não olham a
meios para atingir os seus fins, decidimos transcrever um excerto da lição que
é dada durante os Cursos de Adestramento ministrados pelo Dep. de Formação do
CCVL precisamente dedicada à ética na profissão de Adestrador e Terapeuta
Comportamental Canino:
“1.4.3. Ética Profissional
A partir do momento em
que uma pessoa é qualificada como Adestrador e começa a cobrar os seus
serviços, está a actuar como um Profissional. Como em todas as profissões,
nesta também deve existir um código deontológico e uma ética profissional. Por
não estar regulamentada, esta profissão presta-se a todo o tipo de oportunistas,
moralmente mal formados e charlatães.
Em todas as profissões
encontramos pessoas mais ou menos qualificadas e que se intitulam de
“profissionais”. A diferença entre o bom profissional e o charlatão radica
na qualidade dos seus trabalhos, finalizados com êxito, dentro do respeito à
ética da sua profissão.
Por ser uma profissão
relativamente nova, faz com que a fiscalização do trabalho, por parte do
cliente, seja quase nula. A transparência no processo de adestramento, de modo
a evitar abusos e enganos, está sujeita à moralidade do profissional.
Se o adestrador possui
um conceito claro do que é a moral, só aceitará um trabalho que seja capaz de
realizar e que esteja dentro do que aprendeu na sua formação, rejeitará as
tarefas para as quais não se sinta capacitado e não terá problemas em mostrar
as limitações reais do animal e as do trabalho que vai desenvolver assim como
as possibilidades de êxito.
Outro pecado capital é a
crítica maldosa a outro colega de profissão. Quando se procede desta forma ninguém
fica a ganhar, perdem, isso sim, todos os adestradores que consideram esta
tarefa suficientemente digna para investir nela toda a sua vida.
Finalmente, o que o
cliente espera de nós é que o seu cão se converta num amigo obediente, amável e
educado, num guardião e defensor da sua família, companheiro de vigilância e
patrulha, participante em salvamentos, olhos dos invisuais, consolo e ajuda na
invalidez e velhice, etc.”
Com este pequeno artigo esperamos ter dado um
contributo importante para que os adestradores portugueses sejam mais
cautelosos na abordagem que fazem à sua profissão, mas também ajudar a que o dono
consiga, com mais facilidade, distinguir o bom profissional, em todos os sentidos,
daquele que aproveita esta actividade para atingir objectivos que nada têm a
ver nobre arte de ensinar animais.
Sílvio Pereira
Sem comentários:
Enviar um comentário