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11/04/09

Agressividade Canina III

Parte 3

Prevenção

Como em todas as enfermidades – é de uma doença que estamos a falar – o melhor tratamento para a agressão canina é a prevenção, e essa, na grande maioria dos casos, deve ser enfocada em duas situações: correcta socialização na altura certa e a afirmação do dono como líder. Se a essas juntarmos uma correcta interpretação da comunicação canina, podemos garantir que 95% do problema da agressão canina está resolvido.

Diagnóstico e tratamento

Vamo-nos debruçar sobre os três tipos mais frequentes e mais problemáticos de agressividade para com pessoas e que são as que mais repercussão social têm.

Agressividade por complexo de controlo ou agressividade por dominância

Diagnóstico

A agressão pode ser desencadeada para com qualquer pessoa que estabeleça uma interacção com o cão, mas é mais frequente para com membros da família, amigos, ou vizinhos que tenham uma relação estreita com o animal.
Este tipo de agressividade é mais frequente em machos não castrados e em muito menos situações em fêmeas castradas. Pode desenvolver-se em qualquer idade mas é mais frequente entre o primeiro e o terceiro ano.
As situações que desencadeiam esta conduta são bastante previsíveis, sobretudo aquelas em que se entra em competição com o cão e se coloca em jogo algum recurso (comida por exemplo) ou se ordena ao cão que faça algo que ele não queira.

Tratamento

O Tratamento desta doença inclui duas acções que em conjunto ajudam a resolver este problema: a castração e o adestramento em obediência.
A castração é recomendada em machos para diminuir o mais possível o nível de agressividade influenciado pelas hormonas, mas está contra-indicado em fêmeas, sempre e quando a conduta não está directamente relacionada com o período estral ou maternal.
O adestramento deve ser direccionado à sistemática recompensa de condutas de submissão, sem castigos, uma vez que estes desencadeiam agressividade. O que queremos é reforçar a obediência do animal, portanto podemos começar a ensinar-lhe uma ordem básica, como “senta” e fazer com que ele cumpra a ordem sempre que queira obter algo como festas ou comida. Todas as pessoas que convivem com ele têm que ter uma postura idêntica e devem evitar, no possível, as situações de risco que são as que desencadeiam a conduta a fim de evitar uma possível actuação errada.
É aconselhável também o acompanhamento médico que sugerirá a administração de fármacos específicos que, ao diminuírem a ansiedade, ajudarão o trabalho de adestramento. Atenção – Não existe nenhum fármaco anti-agressividade.

Agressividade por medo

A agressividade por medo é a segunda forma mais importante e a mais dependente de factores genéticos (o medo é uma das condutas que mais taxa de hereditariedade possui) e além disso tem igual frequência nos dois sexos.

Diagnóstico

É certo que um dos sintomas do hipotiroidismo é a agressividade, que se pode demonstrar tanto nesta patologia como nas agressões por complexo de controlo e territorial, portanto a via a seguir para fazer a distinção é utilizarmos o contexto em que ele se demonstra, a quem é dirigida e a postura da conduta.

Tratamento

O tratamento baseia-se num programa de dessensibilização e contra-condicionamento. Deve-se pedir a uma pessoa que o cão desconheça para que se vá acercando pouco a pouco deste com a finalidade de comprovar se se desencadeia a agressão. É nesse momento que se dá uma ordem ao cão e se premeia, se ele a cumpre e se acalma. Vai-se procedendo assim, pouco a pouco utilizando todos os estímulos e contextos que resultam ameaças para o animal.
O êxito da resposta dependerá da gravidade do problema, da duração e frequência das sessões de dessensibilização e da aplicação do dono.
O êxito do programa atinge-se com mais facilidade se a causa é uma experiência traumática e com mais dificuldade se a causa for uma deficiente socialização. A farmacologia só é utilizada se o animal apresentar um medo paranóico.

Agressividade Territorial

A agressividade territorial é fundamentalmente protectora e por essa razão pode ser devida em parte ao medo provocado por uma ameaça a um recurso tão valioso como é o território.
O facto de um indivíduo, que se aproxima do território do cão, fugir ou se afastar pode ser entendido pelo animal como um reforço, para ele é provável que a intensidade da conduta aumente com a experiência.

Diagnóstico

O cão apresenta este tipo de conduta com pessoas desconhecidas que se aproximam ou entram no seu território. Por território subentende-se a casa em que a sua matilha humana vive, o carro, ou até a mesa do bar onde estamos tranquilamente sentados.
Acontece com mais frequência em machos em desenvolvimento hormonal e, se vivem permanentemente confinados num local ou presos por corrente, este problema tende a agravar-se

Tratamento

O controlo é difícil, a castração não é solução e, na maioria das vezes, o tratamento médico também não resolve, só nos resta o adestramento específico.
Este adestramento é focado na obediência básica e para solucionar este problema tenta-se interromper a reacção agressiva com uma ordem, como no tratamento da agressão por medo. Recompensa-se a tranquilidade e logo provocamos o animal com o objectivo de conseguirmos, cada vez com mais frequência, interromper o comportamento à nossa ordem. Como no outro caso, evitamos reforçar a conduta com festas e premiar só quando a conseguimos efectivamente interromper a acção e o cão se tenha acalmado. Nesta terapia recomenda-se o uso de açaime.

Resumindo, a agressividade é um problema grave. Não existe um remédio milagroso que cure esta patologia. Como em todas as terapias de problemas de conduta canina, podem haver êxitos e fracassos, mas de certeza que não conseguimos resolver este, nem nenhum problema, se não nos empenharmos a fundo para atingirmos os nossos objectivos.