A
estimulação mental em cães, também conhecido por enriquecimento mental é, a par
da estimulação física, essencial para o equilíbrio e bem-estar do animal.
No
outro extremo, encontram-se os animais que devido ao actual modo de vida nas
cidades, são obrigados a viverem confinados em apartamentos, durante todo o
dia, sem poderem expandir convenientemente as suas necessidades de libertação
de energias e exercitação mental, como consequência disso, desenvolvem diversas
patologias do comportamento, umas mais graves que outras, mas todas elas
contribuem para o sofrimento do animal e para a deterioração da relação com os
elementos humanos da sua matilha, contribuindo assim, de forma decisiva, para o
crescente aumento do abandono e eutanásia dos animais.
Patologias como:
· Ansiedade por separação;
·
Hiperactividade;
·
Comportamentos
estereotipados;
·
Manifestações
ligadas à procura de atenção: micção e defecação inadequadas, vocalizações
excessivas, agressividade por jogo, ingestão inadequada: pedras, objectos e
coprofagia, etc.;
·
Fobias
e manias.
Podiam ser resolvidas, na sua grande maioria, por uma estimulação mental mais intensa, mais presente no dia-a-dia do animal e que faça parte das suas rotinas.
“Um cão,
ou uma pessoa que está concentrada numa tarefa, normalmente não é surpreendido
facilmente por emoções fortes. De facto, pode abdicar de estímulos irrelevantes
para a tarefa. Por isso, cães com algum grau de problemas comportamentais podem
interagir com outros em paz: a sua concentração não se centra nas suas
respostas emocionais mútuas, mas sim na tarefa” (Clothier 1996).
Os
estimuladores mentais, há também quem lhe chame brinquedos intaractivos, podem
ser divididos em dois: aqueles que mantêm concentrados e ocupados os cães
quando sozinhos e os que nos ajudam a interagir com eles em ambiente de
brincadeira ou jogo. Devido aos objectivos que pretendemos alcançar com o
presente artigo, vamos só debruçar-nos sobre os primeiros.
Estes
estimuladores servem, como o nome indica, para lhes manter a mente ocupada com
a finalidade de atingir um objectivo que, independentemente do tipo de
estimulador utilizado é sempre o de conseguir algo que lhe satisfaça um
instinto que, quase sempre tem a ver com a alimentação.
Ideia
muito interessante retirada de um vídeo da internet em que o objectivo é que o
cão, com batidas de patas na base das garrafas de plástico que estão ligadas a
um veio um pouco acima do centro da garrafa, que contêm pequenos pedaços de
biscoitos, estas se virem e ao fazê-lo deixem cair pelo gargalo as guloseimas
que lá se encontram. Isto mantém os cães bastante tempo entretidos com o
brinquedo, uma vez que as garrafas ao serem viradas, dependendo do tamanho dos
pedaços de comida, só deixam cair um, ou no máximo dois, de cada vez que são
viradas. É muito fácil de construir e muito útil.
Se
pretender, o Centro Canino Vale de Lobos disponibiliza este equipamento.
Um
exemplo de como funciona este estimulador mental pode ser visto através deste
link:
Os Kongs
Como
o equipamento anterior, o objectivo deste estimulador é o de manter o cão
empenhado em conseguir retirar toda a comida que foi colocada numa cavidade que o brinquedo possui. Como os
Kongs são fabricados de borracha resistente mas flexível, o animal ao abocanhar
o brinquedo obriga a que este comece a libertar a comida que se encontra no seu
interior.
Um
credenciado autor, Ian Dunbar, defende que o animal que está confinado a um
pequeno espaço, para o manter permanentemente ocupado, deveria receber toda a
sua alimentação diária inserida num kong e não disponibilizada num comedouro
Pode
encontrar este tipo de estimuladores em qualquer loja, física ou online, de
artigos para animais.
Apesar
de já existirem à venda nas lojas da especialidade uma panóplia imensa de ossos
com várias composições: pele de búfalo, plástico impregnado com agradáveis
odores e sabores, fumados, etc., o osso natural do fémur, úmero ou joelho de
vaca, cru ou cozido, limpos de todas as gorduras, ligamentos e tendões, ainda
são os mais saborosos e os que mantém os animais mais tempo concentrados em
lhes retirar as cartilagens e atingir o tutano, que é o objectivo final. Eles
passam horas neste trabalho, exercitam as mandíbulas, limpam os dentes do
tártaro que possa existir e estão descansados na sua labuta.
Dirija-se
ao seu talho e peça uma parte dos ossos de vaca mencionados acima e que lhos
corte em pedaços com cerca de 10 a 15 cm de tamanho.
Estimuladores
mentais criados há relativamente pouco tempo, muito interessantes e criativos e
que, mais uma vez, o objectivo é que leve o cão, depois de passar por diversas
fases que o obrigam a empenhar-se e a utilizar o processo tentativa/erro, a
obter uma guloseima como recompensa.
Actualmente,
há no mercado uma oferta bastante grande de vários tipos de puzzles e com
vários níveis de dificuldade na obtenção da guloseima.
Se
na sua loja não encontrar este tipo de estimulador pode encomendar neste site:
Conclusão
Se
repararem, o princípio desta aprendizagem e a resolução das dificuldades que
cada equipamento oferece, está mais uma vez baseado no Condicionamento
Operante: um comportamento tem sempre uma consequência, agradável ou
desagradável, e os animais têm sempre tendência a valorizar e a explorar a
agradável e a extinguir a desagradável.
Depois
da leitura deste artigo, já não há desculpas para mantermos os nossos cães na
ociosidade quando necessitamos de os deixar sozinhos, deem-lhe algo que os
motive e que os mantenha ocupados e concentrados e vão ver os benefícios que
daí advêm, tanto para o cão como para os seus donos.
Silvio Pereira
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