Translate

15/08/14

Estimulação Mental em Cães


A estimulação mental em cães, também conhecido por enriquecimento mental é, a par da estimulação física, essencial para o equilíbrio e bem-estar do animal.

 Na natureza e em animais que, apesar de domesticados, têm a oportunidade viver em liberdade, eles próprios conseguem obter estes dois tipos de estimulação, podendo correr à vontade, e procurando ocupar o seu tempo explorando todas as atracções que o meio envolvente lhe proporciona, conseguindo assim suprir as necessidades de gasto de energias acumuladas e de enriquecimento mental devido ao facto de todos os dias serem confrontados com a exploração e identificação de estímulos novos, quer olfactivos, quer auditivos quer visuais, permitindo-lhes alargar o leque de conhecimentos proporcionados por essa procura constante de novas estimulações mentais.

No outro extremo, encontram-se os animais que devido ao actual modo de vida nas cidades, são obrigados a viverem confinados em apartamentos, durante todo o dia, sem poderem expandir convenientemente as suas necessidades de libertação de energias e exercitação mental, como consequência disso, desenvolvem diversas patologias do comportamento, umas mais graves que outras, mas todas elas contribuem para o sofrimento do animal e para a deterioração da relação com os elementos humanos da sua matilha, contribuindo assim, de forma decisiva, para o crescente aumento do abandono e eutanásia dos animais.    
 
Patologias como:

      ·         Ansiedade por separação;
·         Hiperactividade;
·         Comportamentos estereotipados;
·         Manifestações ligadas à procura de atenção: micção e defecação inadequadas, vocalizações excessivas, agressividade por jogo, ingestão inadequada: pedras, objectos e coprofagia, etc.;
·         Fobias e manias.

Podiam ser resolvidas, na sua grande maioria, por uma estimulação mental mais intensa, mais presente no dia-a-dia do animal e que faça parte das suas rotinas.

 Os modernos terapeutas comportamentais caninos estão a dar um enfoque bastante grande à falta de estimulação quer física quer mental, como estando na origem das patologias acima descritas e cada vez mais têm prescrito tratamentos com base na alteração ambiental, criando regras e rotinas primeiro e trabalho específico de estimulação mental como complemento do processo de regressão comportamental.

 Para incentivar um cão a que disfrute e se concentre de forma activa em algo, promovemos a activação do córtex cerebral que impede que o sistema límbico active emoções problemáticas.

“Um cão, ou uma pessoa que está concentrada numa tarefa, normalmente não é surpreendido facilmente por emoções fortes. De facto, pode abdicar de estímulos irrelevantes para a tarefa. Por isso, cães com algum grau de problemas comportamentais podem interagir com outros em paz: a sua concentração não se centra nas suas respostas emocionais mútuas, mas sim na tarefa” (Clothier 1996).
 
Estimuladores mentais ou brinquedos interactivos

Os estimuladores mentais, há também quem lhe chame brinquedos intaractivos, podem ser divididos em dois: aqueles que mantêm concentrados e ocupados os cães quando sozinhos e os que nos ajudam a interagir com eles em ambiente de brincadeira ou jogo. Devido aos objectivos que pretendemos alcançar com o presente artigo, vamos só debruçar-nos sobre os primeiros.

Estes estimuladores servem, como o nome indica, para lhes manter a mente ocupada com a finalidade de atingir um objectivo que, independentemente do tipo de estimulador utilizado é sempre o de conseguir algo que lhe satisfaça um instinto que, quase sempre tem a ver com a alimentação.
 
O estimulador das 3 garrafas

Ideia muito interessante retirada de um vídeo da internet em que o objectivo é que o cão, com batidas de patas na base das garrafas de plástico que estão ligadas a um veio um pouco acima do centro da garrafa, que contêm pequenos pedaços de biscoitos, estas se virem e ao fazê-lo deixem cair pelo gargalo as guloseimas que lá se encontram. Isto mantém os cães bastante tempo entretidos com o brinquedo, uma vez que as garrafas ao serem viradas, dependendo do tamanho dos pedaços de comida, só deixam cair um, ou no máximo dois, de cada vez que são viradas. É muito fácil de construir e muito útil.

Se pretender, o Centro Canino Vale de Lobos disponibiliza este equipamento.

Um exemplo de como funciona este estimulador mental pode ser visto através deste link:


Os Kongs

Como o equipamento anterior, o objectivo deste estimulador é o de manter o cão empenhado em conseguir retirar toda a comida que foi colocada numa  cavidade que o brinquedo possui. Como os Kongs são fabricados de borracha resistente mas flexível, o animal ao abocanhar o brinquedo obriga a que este comece a libertar a comida que se encontra no seu interior.

Um credenciado autor, Ian Dunbar, defende que o animal que está confinado a um pequeno espaço, para o manter permanentemente ocupado, deveria receber toda a sua alimentação diária inserida num kong e não disponibilizada num comedouro

Pode encontrar este tipo de estimuladores em qualquer loja, física ou online, de artigos para animais.

Ossos naturais e artificiais

Apesar de já existirem à venda nas lojas da especialidade uma panóplia imensa de ossos com várias composições: pele de búfalo, plástico impregnado com agradáveis odores e sabores, fumados, etc., o osso natural do fémur, úmero ou joelho de vaca, cru ou cozido, limpos de todas as gorduras, ligamentos e tendões, ainda são os mais saborosos e os que mantém os animais mais tempo concentrados em lhes retirar as cartilagens e atingir o tutano, que é o objectivo final. Eles passam horas neste trabalho, exercitam as mandíbulas, limpam os dentes do tártaro que possa existir e estão descansados na sua labuta.

Dirija-se ao seu talho e peça uma parte dos ossos de vaca mencionados acima e que lhos corte em pedaços com cerca de 10 a 15 cm de tamanho.
 
Os puzzles

Estimuladores mentais criados há relativamente pouco tempo, muito interessantes e criativos e que, mais uma vez, o objectivo é que leve o cão, depois de passar por diversas fases que o obrigam a empenhar-se e a utilizar o processo tentativa/erro, a obter uma guloseima como recompensa.

Actualmente, há no mercado uma oferta bastante grande de vários tipos de puzzles e com vários níveis de dificuldade na obtenção da guloseima.

Se na sua loja não encontrar este tipo de estimulador pode encomendar neste site:


Conclusão

Se repararem, o princípio desta aprendizagem e a resolução das dificuldades que cada equipamento oferece, está mais uma vez baseado no Condicionamento Operante: um comportamento tem sempre uma consequência, agradável ou desagradável, e os animais têm sempre tendência a valorizar e a explorar a agradável e a extinguir a desagradável. 

Depois da leitura deste artigo, já não há desculpas para mantermos os nossos cães na ociosidade quando necessitamos de os deixar sozinhos, deem-lhe algo que os motive e que os mantenha ocupados e concentrados e vão ver os benefícios que daí advêm, tanto para o cão como para os seus donos.
 
Silvio Pereira

Sem comentários: