Finalmente um bebé irá aumentar a família. É uma grande notícia há muito esperada, mas… existe um problema: o cão. A angústia e a incerteza começa a tomar conta dos elementos da família e começa a colocar-se a hipótese de bebé e cão terem uma existência conjunta incompatível. Nada de mais errado. O cão é um elemento que tem o seu lugar no seio da estrutura familiar, como tal, o que temos que fazer é enquadrá-lo nessa estrutura e fazê-lo entender qual é o seu lugar na dita.
Um cão bem-educado, socializado correctamente em vez de humanizado, equilibrado e perfeitamente hierarquizado, normalmente não coloca problemas, pois conhece qual a sua posição no seio familiar aceitando o bebé como mais um membro da sua matilha ao qual terá que respeitar e obedecer.
Este artigo é dedicado a todos os proprietários de cães que, por desconhecimento ou inépcia, estão enquadrados no grupo daqueles para quem o cão está perfeitamente em contraponto com aquilo que foi dito no parágrafo anterior.
Sendo assim, vamos começar a mudar a nossa conduta em relação ao nosso amigo canino. Para isso vamos dividir este procedimento em quatro etapas:
Antes da chegada do Bebé.
O objectivo deste procedimento é o de baixar o nível hierárquico que o cão tem actualmente dentro da família, como tal vamos alterar hábitos que existiam e proceder como se o bebé já convivesse com a família tendo como propósito o de dar a entender ao cão que, como quando o bebé verdadeiramente chegar, as atenções irão ter que ser divididas pelos dois, mas numa percentagem maior para o bebé.
Vamos progressivamente começar a dar menos festas e menos atenção ao cão. Os passeios e as horas dos mesmos vão ser alteradas e deixam de ser com horário certo e serem feitos sempre nos mesmos locais.
Os rituais da comida também vão ser alterados, passa a comer somente depois dos donos terem comido. Retira-se o comedor, ainda com comida, com alguma frequência para que o cão entenda que só come aquilo, e quando o dono quiser, não sendo admitidas quaisquer rosnadelas ou outro tipo de ameaças.
Temos que ser consequentes com estes procedimentos. Se não conseguirmos realizá-los, deve-se chamar um profissional para que o faça.
Evitar traumas na introdução do bebé em casa.
Assim que o bebé entrar em casa deve ser logo apresentado ao cão e deixar que este o cheire e faça o seu reconhecimento. Como é óbvio, temos que ter sempre o controlo da situação. Este primeiro contacto convém que seja o mais agradável possível para o cão e premiá-lo sempre que este mostrar uma atitude calma e de aceitação do novo membro.
Se possível, antes de trazermos o bebé para casa, pegamos numa peça de roupa com o cheiro deste e damos ao cão a cheirar para que este grave na sua memória olfactiva mais este odor. Podemos igualmente gravar o choro do bebé e deixar que o cão o oiça para se habituar a esses novos ruídos.
Correcta integração do bebé na estrutura hierárquica da família.
O cão deve participar em todos os momentos em que o centro das atenções seja o bebé.
Se eventualmente num determinado momento o cão apoia a cabeça no bebé não nos devemos preocupar, está dando a entender que o considera inferior. Os cães extrapolam atitudes de matilha canina na matilha humana. Mais adiante colocaremos o bebé no lugar correspondente no seio da matilha humana.
Se pelo contrário observarmos que o cão manifesta uma atitude que não é a adequada, será repreendido pelo líder da matilha humana. Não é aconselhável enviar o cão para outro local da casa, pois o ideal é que o problema seja resolvido na altura e sem adiamentos.
Aumento progressivo do posto hierárquico da criança.
Chegou a altura de elevar o posto da criança perante o cão. Se o trabalho foi efectuado correctamente antes a chegada do bebé, será muito mais fácil ultrapassarmos esta fase.
Começamos por deixar ser a criança a dar a comida ao cão e a retirar o comedor ainda com ração, sempre sob a nossa supervisão.
Obrigamos o cão a deitar-se para que a criança o acaricie e o escove.
Quando a criança já falar ensinamos-lhe os comandos a que o cão está habituado, tais como, senta, deita, quieto, etc.
À medida que a criança for crescendo, ensinamos-lhe outros exercícios mais complexos, como por exemplo: tirar-lhe um brinquedo da boca. Sempre sob a nossa supervisão.
A alegria de sermos pais não pode ser ensombrada por possuirmos um cão.
Podemos perfeitamente conciliar e até potenciar, a presença de um cão e de um bebé recém-chegado a casa.
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