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06/08/08

Organização Hierarquica dos Lobos e Cães em Liberdade

O conceito de hierarquia implica uma relação em “pirâmide” entre os membros de uma matilha. Os cães formam grupos estáveis e duradouros à semelhança do que acontece nas alcateias de Lobos. A autoridade absoluta é ostentada por um macho que normalmente é o que mais lutas tem travado e melhores resultados tem obtido. Secunda-o uma fêmea, subordinada ao macho mas que ocupa o segundo grau na hierarquia e que, no caso dos Lobos, só pode ser coberta pelo dominante. Depois destes dois “patriarcas” a pirâmide hierárquica completa-se com os machos e fêmeas subordinadas que, passado algum tempo, se convertem por sua vez, em dominantes quer pela disputa e vitória sobre o chefe, quer pela morte deste.

Nas últimas investigações levadas a cabo sobre uma alcateia de Lobos Canadenses, observou-se que era uma fêmea que liderava o grupo. Neste caso concreto o dimorfismo sexual[1] está a favor dessa fêmea como em todos os casos de fêmeas dominantes entre as hienas. Apesar disso, o normal é que a autoridade absoluta seja exercida pelo macho dominante.

Em psicologia experimental chama-se Alfa ao individuo dominante e Beta ao subordinado. O conceito de dominância implica uma relação assimétrica, entre dois indivíduos, que se manifesta em dois níveis de interacção. O Alfa, para se impor, produz a maior parte das comunicações agonísticas e agressões que se manifesta entre os dois. Também quando se disputa uma fonte de recurso é o Alfa que invariavelmente a consegue obter. Uma vez estabelecidas as posições hierárquicas, a agressividade deixa de estar presente em quase todos os seus actos sociais. O stress é mais frequente nos indivíduos de menor nível social submetidos quase sempre, a uma contínua “luta” por uma valorização do seu posto na hierarquia. Pelo contrário nos dominantes, o nível de stress crónico diminui como consequência da falta de agressões que sofrem por parte dos subordinados.

Para manter estas relações sem necessidade de enfrentamentos directos e constantes, o cão desenvolveu uma linguagem corporal que estabelece claramente, “quem manda”, nas interacções quotidianas. O Beta demonstrará submissão quando se encontra em perigo de agressão cabendo ao Alfa a tarefa de tranquilizar o resto da matilha com a sua presença altiva e tranquila.

O cão, à semelhança do Lobo, tem uns mecanismos de inibição do acto final de dominância, quer dizer, quase nunca uma luta por posto ou status termina com a morte do vencido. Este desenvolveu toda uma comunicação de submissão que impede o vencedor de chegar à eliminação do contendor.

A dominância que exerce a fêmea Alfa sobre as demais, chega ao ponto de actuar com as suas feromonas para impedir o cio das fêmeas subordinadas optimizando desta forma o seu êxito reprodutor.

A hierarquia é tão forte entre eles que, inclusivamente para caçar, é o dominante que estabelece as tácticas venatórias[2] da matilha.

Esta forma de actuação dos cães em liberdade mantém-se nos domésticos de tal forma que, ao fazer-se a experiência de se libertar vários exemplares, passado muito pouco tempo, converteram-se no que eram há 16.000 anos atrás.

Glossário –

[1] Dimorfismo Sexual é a presença de caracteres sexuais secundários que permitem distinguir o macho da fêmea correspondente.

[2] Venatória que diz respeito à caça.

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