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15/07/08

Os Canídeos

Supõe-se que o primeiro parente dos canídeos apareceu no Plioceno há cerca de 10 milhões de anos, mas o actual cão (canis familiaris) tem apenas 16 mil anos de idade.

Há muitas teorias avançadas por prestigiados investigadores que defendem que o cão actual descende do Chacal, Lobo ou Coiote. No seu livro "Quando o Homem encontrou o Cão" Konrad Lorenz marca uma clara diferença entre as raças que descendem do Lobo (Pastor Alemão, Dobermann ou Boieiros) e das que descendem do Chacal Dourado (Collie, Dalmata, Caniche ou Labrador).

Actualmente a maior parte dos autores estão em sintonia com o facto de que todas as raças de Cães descendem do Lobo (Canis Lupus), pois as duas espécies são idênticas e a sequência de ADN mitocondrial de ambas são iguais em 99,8%, enquanto que a comparação entre a do Lobo e do Coiote (Canis Latrans) coincidem somente em 96%.

Nos estudos que existem sobre este tema encontra-se uma multiplicidade de especulações, mais ou menos científicas, mas em Etologia tomaremos sempre os padrões do Lobo como ponto de referência, para podermos compreender os comportamentos de uma espécie que foi domesticada pelo Homem no inicio da sua civilização. Apesar disso, por outro lado temos um grave problema em mãos: é que os padrões de conduta deste animal não podem ser enfocados através de um ponto de vista puramente etológico. O seu contacto diário com o Homem, a sua enorme capacidade de adaptação a um meio artificial, a sua falta de liberdade na Selecção Sexual e uma série de condicionantes mais, impossibilitam a publicação de estudos experimentais sobre esta espécie. Para podermos compreender o seu comportamento precisamos de nos apoiar na Etologia Aplicada, neste caso na canina, já que, apesar de todos os seus problemas, é uma espécie que, ainda que doméstica, apresente uma grande número de condutas que apresentaria em liberdade.

O Grupo e a Matilha.

Define-se matilha como sendo um grupo estável e duradouro que se mantém, salvo em muito raras excepções, no mesmo território. Portanto, a matilha obtém a sua variedade genética (o oposto da endogamia[1]) baseando-se na expulsão dos machos jovens, mantendo-se no território fêmeas com laços de parentesco e muito poucos machos.

Actualmente só existem em liberdade as seguintes espécies:

- Canis Lupos (Lobo)
- Canis Latrans (Coiote)
- Canis Aureus (Chacal)
- Canis Hienae (Hiena)
- Dingo Australiano ou Lobo Amarelo

Como o Cão doméstico evoluiu do Canis Lupus o efeito da sua domesticação potenciou a sua variedade racial (assunto que iremos abordar em próximos artigos), o homem foi seleccionando e aperfeiçoando as raças em função das suas próprias necessidades. Apesar de existirem actualmente centenas de raças caninas o seu código genético é exactamente o mesmo quer sejam pinchers miniaturas ou Grand Danois.

O Cão em liberdade tende ao sistema de emparelhamento monogamico, mas o cão domestico, devido Selecção artificial imposta pelo homem (nós é que escolhemos e impomos o/a parceiro/a), prevalece o sistema de poliginia
[2]. Assim, e neste caso, os cuidados parentais são outorgados na sua totalidade pela fêmea, dado que os progenitores nunca têm a certeza da paternidade das ninhadas, pois enquanto que nos cães selvagens ou nos lobos, devido à sua organização social, o macho dominante, aquele que cobre todas as fêmeas, sabe que todos os jovens são filhos dele e, sendo assim, ajuda no desenvolvimento da ninhada, principalmente na protecção da mesma e na procura de alimento para a progenitora, no macho doméstico o facto de não investir na partilha da árdua tarefa de criar uma ninhada tem a ver com o desconhecimento por parte deste da paternidade da mesma.

A cadela, devido à domesticação, à abundância de alimento e não precisar de o procurar, à segurança transmitida pelo domesticador e à constância climática, apresenta dois ou três ciclos estrais por ano, contra um único da fêmea de Lobo (na Primavera), que tem contra si os imponderáveis de ter que depender de si em todas as circunstâncias.


Glossário

[1]
Endogamia é o acasalamento dentro da própria família.

[2]
Poliginia O contrário de monogamia. Situação em que o macho ou a fêmea têm vários parceiras/os

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