Translate

13/01/25

O Sentido da Audição Canino: Um Mundo de Sons Inexplorado

 


Entre os cinco sentidos que ajudam os cães a interagir com o mundo ao seu redor, a audição destaca-se como uma das mais impressionantes. Capaz de captar frequências que estão além do alcance humano, a audição canina revela uma percepção auditiva quase mágica que é essencial para a sua sobrevivência, comunicação e vínculo com os humanos. Neste artigo, exploramos o fascinante universo da audição canina, as suas capacidades extraordinárias e como ela molda o comportamento dos nossos amigos de quatro patas.

A Anatomia da Audição Canina

A orelha de um cão não é apenas um detalhe fisionómico encantador, mas uma peça de engenharia biológica. Dividida em três partes principais – orelha externa, média e interna –, ela desempenha um papel crucial na captação e processamento do som.

  • Orelha Externa: O pavilhão auditivo, ou a parte visível da orelha, é móvel e funciona como uma antena que capta os sons e os direciona para o canal auditivo. Certas raças, que fisionomicamente possuem orelhas erectas, como os pastores-alemães, conseguem movimentar as orelhas de forma independente para rastrear a origem de ruídos, uma vez que possuem em cada uma 36 músculos que lhes possibilitam movê-las em todos os sentidos (o homem possui apenas três em cada orelha).
  • Orelha Média: Amplifica os sons e os transmite para a orelha interna através de pequenos ossículos.
Orelha Interna: Abriga a cóclea e as células sensoriais que convertem as vibrações sonoras em sinais elétricos e químicos enviados ao cérebro para interpretação.

A Frequência e Sensibilidade do Ouvido Canino

Os cães ouvem frequências entre 40 Hz e 65 kHz, enquanto os humanos captam apenas entre 20 Hz e 20 kHz. Isso significa que os cães são capazes de ouvir sons agudos que passam despercebidos pelos nossos ouvidos. Esta capacidade evolutiva remonta aos seus ancestrais selvagens, que dependiam de uma audição superior para localizar presas e evitar predadores.

Além disso, os cães são incrivelmente sensíveis ao volume e conseguem ouvir sons a uma distância de até quatro vezes maior do que os humanos. É essa precisão auditiva que os torna excelentes cães de guarda, capazes de alertar sobre a presença de intrusos muito antes de serem vistos.

O Impacto da Audição no Comportamento Canino

A audição desempenha um papel fundamental na forma como os cães percebem o mundo e interagem com ele. Um som que parece insignificante para nós pode ser altamente perturbador para um cão, especialmente aqueles de alta frequência. Por exemplo, o som de eletrodomésticos, sirenes ou até mesmo o barulho de fogos de artifício pode causar ansiedade ou stress.

Os cães também são capazes de associar sons a emoções ou eventos. Um som familiar, como o motor do carro do tutor, pode gerar excitação e felicidade, enquanto ruídos altos ou inesperados podem desencadear respostas de medo.

Treino e Comunicação Baseados na Audição

A audição canina é também uma poderosa aliada no treino. Os cães são extremamente receptivos a comandos verbais e tons de voz. Um tom calmo e assertivo pode tranquilizá-los, enquanto uma voz mais aguda pode sinalizar alegria ou brincadeira.

Os clickers e apitos para cães são outro exemplo do uso inteligente da audição canina no treino. Emitindo sons em frequências que apenas eles conseguem ouvir, estes aparelhos são ferramentas eficazes para reforço positivo e treino à distância.

Cuidados com a Saúde Auditiva

Apesar da sua incrível capacidade auditiva, os cães estão suscetíveis a problemas auditivos, como infeções, acumulação de cera ou mesmo perda auditiva com a idade. Certifique-se de inspecionar regularmente as orelhas do seu cão e mantê-las limpas, mas nunca insira objetos no canal auditivo.

Os sinais de problemas de audição incluem:

  • Coçar ou esfregar frequentemente as orelhas;
  • Inclinar a cabeça de forma persistente.
  • Dificuldade em responder a comandos verbais.

Se notar algum desses comportamentos, é aconselhável consultar um veterinário.

Conclusão

O sentido da audição é uma das características mais notáveis dos cães e contribui imensamente para a sua qualidade de vida e ligação com os humanos. Compreender como funciona e respeitar as suas capacidades é essencial para garantir o bem-estar do seu companheiro canino.

Os nossos cães vivem num mundo de sons que mal podemos imaginar. Proporcionar um ambiente sonoro tranquilo, proteger a sua audição e utilizá-la de forma positiva são passos fundamentais para fortalecer o vínculo entre humanos e cães. Afinal, cuidar da audição do nosso cão é, em última instância, cuidar da sua felicidade.

  

Sílvio Pereira




09/01/25

Karen Pryor - Uma Vida Dedicada ao Comportamento e Ensino Animal

 Karen Pryor

14-05-1932 | 04-01-2025




Karen Pryor: Uma Vida Dedicada à Compreensão e Comunicação com os Animais

Karen Pryor é uma figura central no mundo da ciência comportamental e do treino animal. A sua contribuição transcende o campo do comportamento animal, influenciando também áreas como a psicologia, a pedagogia e a gestão de recursos humanos. Este artigo explora a vida, as ideias inovadoras e o impacto duradouro de Karen Pryor.

Infância e Formação

Nascida em 14 de maio de 1932, Karen Pryor cresceu no seio de uma família com inclinações intelectuais. Seu pai era cientista, e sua mãe, escritora, o que proporcionou um ambiente rico em curiosidade e aprendizado. Pryor frequentou a Radcliffe College, da Universidade de Harvard, onde estudou biologia e adquiriu uma sólida base em ciências naturais.

Desde cedo, mostrou interesse em entender o comportamento animal, uma paixão que guiaria as suas escolhas profissionais e acadêmicas ao longo da vida.

Carreira Inicial

Nos anos 60, Karen Pryor foi pioneira no treino de golfinhos no Sea Life Park, no Havaí. Neste ambiente, Karen foi introduzida na técnica de reforço positivo por meio do uso de um marcador sonoro – um apito – que comunicava aos animais o momento exato em que haviam realizado o comportamento desejado. Este método, conhecido como "treino com marcador", revolucionou a forma de treinar animais, substituindo práticas baseadas em punição por abordagens que promovem cooperação e compreensão. 

Trabalhando com golfinhos, Pryor rapidamente percebeu que o comportamento animal era moldado por princípios universais descritos por cientistas como B.F. Skinner. Foi nessa época que ela começou a aplicar o condicionamento operante e a aprofundar os seus conhecimentos acerca do reforço positivo.

Obra Literária e Científica


Karen Pryor é amplamente conhecida pelo seu livro "Don’t Shoot the Dog!" (1984), uma obra que se tornou referência não apenas no treino animal, mas também no ensino humano e na psicologia comportamental. O título do livro, uma metáfora para abandonar abordagens punitivas, reflete a essência da sua filosofia: reforçar comportamentos desejados em vez de punir os indesejados.

Além de "Don’t Shoot the Dog!", Pryor escreveu diversos outros livros e artigos, incluindo:

  • "Lads Before the Wind" (1975): Uma autobiografia que narra sua experiência com golfinhos no Sea Life Park.
  • "Reaching the Animal Mind" (2009): Um guia que explora a ciência por trás do clicker training e sua aplicação prática.

Esses livros são amplamente lidos, e a sua abordagem científica, mas acessível, conquistou tanto especialistas quanto o público geral.

O Clicker Training e o Impacto Global

A popularização do clicker training por Pryor mudou a maneira como as pessoas se relacionam com os animais. Este método provou ser eficaz para treinar não apenas golfinhos, mas também cães, gatos, cavalos, papagaios e até mesmo animais de zoológico e selvagens. Mais importante, Pryor demonstrou que os princípios de reforço positivo são aplicáveis a interações humanas, como ensinar crianças, melhorar a dinâmica de trabalho em equipa e moldar comportamentos desejados em diversas áreas.

A sua abordagem é centrada na compreensão e no respeito pela natureza do aprendiz, seja ele humano ou animal. Isso transformou o campo do treino em uma disciplina mais ética e colaborativa.

Legado

Karen Pryor dedicou a sua vida a construir pontes entre humanos e outras espécies, ajudando-nos a compreender melhor a linguagem do comportamento. Sua empresa, a Karen Pryor Clicker Training, continua a oferecer workshops, seminários e ferramentas para treinar animais e humanos de forma eficaz e humanitária.

O seu impacto não se limita ao treino. A abordagem de Pryor influencia professores, terapeutas, líderes empresariais e pais, provando que as lições aprendidas ao observar golfinhos podem ter um alcance surpreendentemente universal.

Conclusão

A vida e obra de Karen Pryor ilustram o poder da ciência comportamental para melhorar o mundo. Com a sua visão inovadora e abordagem compassiva, ela transformou a maneira como interagimos com os animais e uns com os outros. A sua mensagem de reforçar o positivo continua a ecoar, inspirando gerações a escolher métodos de ensino e treino que promovam cooperação, aprendizagem e respeito mútuo.

Karen Pryor não apenas moldou uma disciplina, mas também ofereceu uma nova perspectiva sobre como podemos viver e aprender em harmonia com os seres que nos cercam.


Obrigado, Karen!


Sílvio Pereira


27/12/24

O Sentido do Tacto nos Cães: Um Olhar Profundo sobre a Sensibilidade Canina

 

Esta imagem (gerada por IA) ilustra como os cães têm a noção do sentido do tacto, mostrando interações sensíveis como o toque no pelo e as patas em contato com diferentes texturas.

O tacto é um dos sentidos mais importantes para os cães, desempenhando um papel essencial na sua interação com o mundo, comunicação e comportamento social. Embora muitas vezes menos discutido do que o olfato ou a audição, o tato é uma capacidade vital que permite aos cães sentir e responder ao ambiente, aos outros animais e aos humanos.

Estrutura e Sensibilidade da Pele

A pele dos cães é o maior órgão sensorial do corpo, repleta de terminações nervosas que lhes permitem detectar mudanças de temperatura, pressão e vibrações. Essas terminações estão distribuídas de maneira desigual pelo corpo, sendo particularmente densas em áreas como os lábios, focinho, almofadas das patas e vibrissas (os "bigodes").

Os bigodes, conhecidos como vibrissas, são estruturas especializadas que desempenham um papel crítico no tacto dos cães, são altamente sensíveis a mudanças no ar e no toque, permitindo que os cães percebam objetos próximos mesmo sem os ver. Essa capacidade é especialmente útil em situações de baixa visibilidade ou durante a navegação em espaços apertados.

Comunicação Através do Tacto 

O tacto é uma ferramenta poderosa na comunicação entre cães e entre cães e humanos. Durante as brincadeiras ou interações sociais, toques no focinho, no pescoço ou nas patas podem transmitir mensagens de submissão, domínio ou afeto. Cães que vivem em matilhas ou grupos sociais utilizam frequentemente o toque para reforçar laços, acalmar companheiros ou estabelecer hierarquias. 

Para os humanos, o toque é uma das principais formas de demonstrar carinho e construir confiança com um cão. Carícias suaves e massagens não só proporcionam conforto, mas também ajudam a aliviar o stress e a ansiedade nos cães. A interação táctil é tão importante que muitos estudos mostram uma redução nos níveis de cortisol (a hormona do stress) tanto em cães como em humanos durante momentos de afeto mútuo.

A Importância das Almofadas Plantares

As almofadas das patas são outro ponto crucial de sensibilidade táctil nos cães. Elas permitem que os cães detectem texturas, superfícies e vibrações no solo, funcionando como uma ligação direta entre o animal e o ambiente. Além disso, as almofadas ajudam os cães a ajustar o seu passo em terrenos difíceis e a perceber mudanças no tipo de superfície que estão a pisar.

As almofadas também contêm glândulas sudoríparas, permitindo que os cães identifiquem os suas próprios trajectos por meio do toque e do cheiro. Essa característica reforça a interação entre o tacto e o olfato, dois sentidos complementares para a exploração do mundo canino.

O Papel do Tacto no Desenvolvimento Canino

Desde os primeiros momentos de vida, o tacto desempenha um papel fundamental no desenvolvimento dos cães. Os cachorros, ao nascer, são cegos e surdos, dependendo exclusivamente do tacto para encontrar a mãe e os irmãos. O calor do corpo materno e o contato constante ajudam a regular a temperatura e a desenvolver laços afetivos essenciais.

A socialização precoce dos cachorros também é mediada pelo tacto. Interações positivas com outros cães e humanos ajudam a moldar comportamentos e atitudes futuras, tornando o tacto uma ferramenta essencial para a obtenção de cães equilibrados.

Aplicações Práticas do Tacto na Vida dos Cães

O tacto também é explorado de forma prática em muitas áreas da vida canina. Por exemplo:

  • Adestramento: Métodos de adestramento que envolvem reforço positivo com toque suave ajudam a melhorar a comunicação e o entendimento entre cães e adestradores. 
  • Terapias: Técnicas como a massagem canina e a fisioterapia são usadas para aliviar dores, promover a recuperação muscular e reduzir o stress. 
  • Acessibilidade: Cães-guias ou de assistência utilizam o tacto para navegar e interagir com objetos e pessoas de forma mais precisa.

Conclusão

O sentido do tacto é um elemento indispensável na vida dos cães, influenciando desde o desenvolvimento inicial até interações sociais e experiências sensoriais ao longo da vida. Perceber e respeitar a importância do tacto pode melhorar significativamente a maneira como humanos e cães interagem, fortalecendo os laços de confiança e afeto. Ao valorizar essa forma de comunicação silenciosa, tornamo-nos mais conscientes das necessidades e do mundo sensorial dos nossos fiéis companheiros de quatro patas.

 

Sílvio Pereira

19/12/24

Feromonas Caninas: O Mundo Invisível da Comunicação Olfativa

 

Esta ilustração (gerada por IA) representa a comunicação canina por meio de feromonas.

Os cães possuem um sistema de comunicação rico e complexo que vai muito além de latidos, postura corporal e expressão facial. Um dos principais meios pelos quais eles interagem com o ambiente e com outros animais é através das feromonas. Essas substâncias químicas desempenham um papel crucial na vida social, reprodutiva e comportamental dos cães, formando uma linguagem invisível que é amplamente incompreensível para os humanos.


O Que São Feromonas?

Feromonas são compostos químicos naturais segregados por animais, incluindo cães, que servem como sinais de comunicação intraespecíficos. Em termos simples, as feromonas são "mensagens químicas" que desencadeiam respostas comportamentais ou fisiológicas noutros indivíduos da mesma espécie.

Nos cães, essas substâncias são segregadas por glândulas especializadas localizadas em várias partes do corpo, incluindo:

  • Glândulas perianais: situadas ao redor do ânus, desempenham um papel importante na identificação individual.
  • Glândulas sebáceas: localizadas na pele, principalmente ao redor da cabeça, pescoço e cauda.
  • Glândulas interdigitais: entre os dedos das patas, deixam sinais no solo ao caminhar ou arranhar.
  • Glândulas genitais: associadas à comunicação sexual.

Os cães possuem um órgão especializado para detectar essas substâncias, chamado órgão vomeronasal ou órgão de Jacobson, localizado no céu da boca, próximo aos dentes incisivos superiores. Esse órgão está ligado diretamente ao sistema nervoso central, permitindo uma resposta quase imediata aos estímulos químicos.


Tipos de Feromonas Caninas e Suas Funções

As feromonas caninas podem ser divididas em diferentes categorias, dependendo de sua origem e função. Aqui estão os principais tipos:


1. Feromonas de Identidade

Essas feromonas carregam informações sobre a identidade individual do cão, como idade, sexo, estado reprodutivo e até mesmo saúde. São segregadas principalmente pelas glândulas perianais e são responsáveis pela prática comum dos cães de cheirar a região traseira uns dos outros.

2. Feromonas Sexuais

Segregadas por fêmeas no cio, estas feromonas têm como objetivo atrair machos para a reprodução, indicam o momento ideal para o acasalamento e podem ser detectadas a grandes distâncias.

3. Feromonas de Alarme

Quando um cão está assustado ou stressado, pode liberar feromonas de alarme, que alertam outros cães próximos sobre um possível perigo. Essas feromonas são segregadas pelas glândulas sebáceas e interdigitais.

4. Feromonas Apaziguadoras

Segregadas por cadelas que amamentam, estas feromonas têm a função de criar uma sensação de segurança e conforto nos cachorros. Estudos indicam que o uso de feromonas sintéticas inspiradas nessa substância podem ajudar a reduzir a ansiedade em cães adultos.

5. Feromonas de Marcação Territorial

Quando um cão urina numa árvore, poste ou outro objeto, não está apenas a delimitar território visualmente. A urina contém feromonas que comunicam aos outros cães a presença do emissor e estabelecem limites sociais.

 

O Papel das Feromonas no Comportamento Canino

As feromonas moldam muitos aspectos do comportamento canino, incluindo:

  • Socialização: Elas ajudam os cães a reconhecer membros da sua matilha ou a estabelecer hierarquias sociais.
  • Ansiedade e Medo: As feromonas apaziguadoras podem reduzir comportamentos ansiosos. Por exemplo, feromonas sintéticas, como as encontradas em difusores comerciais, são usadas para acalmar cães durante situações stressantes.
  • Exploração Territorial: As feromonas de marcação ajudam os cães a navegar e compreender o ambiente social em que vivem.
  • Reprodução: As feromonas sexuais são cruciais para o sucesso reprodutivo, permitindo que os cães detectem parceiros aptos.

 

Aplicações Práticas de Feromonas Sintéticas

Investigadores têm sintetizado feromonas naturais para uso terapêutico em cães. Algumas das aplicações incluem:

  1. Redução de Ansiedade: Produtos à base de feromonas apaziguadoras, como colares ou difusores, ajudam cães com fobia de fogos de artifício, separação ou visitas ao veterinário.
  1. Treinamento Comportamental: As feromonas podem ser usadas para facilitar a aprendizagem em cachorros, criando um ambiente mais tranquilo.
  1. Integração Social: Quando novos cães são introduzidos num lar, feromonas sintéticas podem ajudar a suavizar o processo de integração.

 

Curiosidades Sobre Feromonas Caninas

  • Sensibilidade Extraordinária: Os cães têm cerca de 200 milhões de receptores olfativos, enquanto os humanos têm apenas 5 milhões. Isso torna a sua capacidade de detectar feromonas extremamente sensível.
  • Linguagem Universal: Feromonas caninas são entendidas universalmente entre cães, independentemente da raça ou localização geográfica.
  • Imortalidade Química: As marcas de feromonas deixadas no ambiente podem durar durante dias ou semanas, dependendo das condições climáticas.

 

Conclusão

As feromonas caninas são um aspecto fascinante e essencial do mundo animal, permitindo que os cães comuniquem entre si de maneira invisível, mas altamente eficiente. Este sistema complexo de sinais químicos não apenas molda o comportamento social e individual dos cães, mas também oferece insights valiosos para a compreensão e manejo do comportamento canino. Para os humanos, decifrar e aplicar esse conhecimento abre novas possibilidades no cuidado e na convivência harmoniosa com os nossos companheiros de quatro patas.

 

 

Sílvio Pereira


12/12/24

A Visão Canina: Como os Cães Veem o Mundo

 

Esta é uma ilustração que representa a forma como os cães veem o mundo. A imagem reflete a paleta de cores e o nível de detalhe que são mais típicos da visão canina, destacando um ambiente natural e o vínculo especial entre cães e humanos.


A visão canina é um campo fascinante que nos ajuda a compreender melhor como os cães vêm e interagem com o mundo. Embora partilhem muitas semelhanças com outros mamíferos, os cães possuem um sistema visual adaptado às suas necessidades evolutivas como caçadores e companheiros sociais. Vamos então explorar as nuances dessa visão única.

Percepção de Cores: Um Mundo em Azul e Amarelo
 
Ao contrário do mito popular de que os cães veem o mundo a preto e branco, eles conseguem perceber as cores, mas de forma limitada. Os humanos possuem três tipos de cones (células fotossensíveis que permite a percepção da luz e das cores) nos olhos, responsáveis por detectar vermelho, verde e azul, o que nos permite ver um espectro de cores rico e variado. Já os cães possuem apenas dois tipos de cones, sendo dicromatas.
 
Isso significa que os cães percebem um espectro reduzido, principalmente tons de azul e amarelo. Outras cores, como vermelho e verde, aparecem como variações de cinza ou castanho. Por exemplo:
 
  • Um brinquedo vermelho na relva verde pode parecer de um tom uniforme para eles, dificultando a sua localização.
  • Objetos azuis e amarelos, por outro lado, destacam-se nitidamente, sendo mais atraentes para os cães.

Esta adaptação é menos importante para distinguir frutas ou vegetação (como acontece nos primatas) e mais voltada para identificar movimentos e contrastes no ambiente.

Campo de Visão Ampliado e Acuidade Visual

Os olhos dos cães estão posicionados de forma diferente em comparação aos dos humanos, geralmente mais nas laterais do rosto, o que lhes dá um campo visual amplo, variando entre 240 (braquicéfalos – bulldogs) e 270 (dolicolicéfalos – galgos) graus. Isso é significativamente maior que o campo de visão humano, de cerca de 180 graus.

Por outro lado, a acuidade visual dos cães é menos detalhada. Em termos comparativos:

  • Um humano com visão normal pode ver detalhes a 20 metros, enquanto um cão só consegue distinguir os mesmos detalhes a cerca de 6 metros.
  • Isso significa que os cães são menos dependentes de detalhes visuais e mais aptos a perceber movimentos amplos e rápidos.

Esta característica reflete a sua origem evolutiva como caçadores, onde detectar o movimento das presas em potencial era mais crucial do que identificar detalhes.

Sensibilidade ao Movimento e Visão Noturna

Os cães são extremamente sensíveis ao movimento. Eles conseguem detectar mudanças mínimas no ambiente a grandes distâncias, mesmo quando os objetos estão fora do alcance detalhado da sua visão. Essa capacidade evoluiu como uma ferramenta essencial para caçar e detectar perigos.

Além disso, os cães possuem excelente visão noturna. Isso deve-se à presença de uma camada especial na retina, chamada tapetum lucidum, que reflete a luz e melhora a sua capacidade de ver em condições de baixa luminosidade. Enquanto os humanos dependem da luz artificial para ver no escuro, os cães conseguem navegar em ambientes sombrios com relativa facilidade, embora com menor nitidez.

Comparação com Outras Espécies

Se compararmos a visão dos cães com a de outras espécies, podemos perceber como as suas características visuais são especializadas:

  • Humanos: Melhor percepção de cores e detalhes, ideal para tarefas precisas e leitura.
  • Gatos: Melhor visão noturna e reflexos rápidos, mas com um espectro de cores ainda mais reduzido que o dos cães.
  • Aves de rapina: Altíssima acuidade visual para detectar presas a longas distâncias. Os cães equilibram as suas capacidades visuais com outras capacidades sensoriais, como o olfato e a audição, criando um sistema integrado para explorar o mundo.

Visão e Comportamento: Como os Cães Navegam pelo Mundo

Embora a visão canina não seja tão rica em detalhes e cores como a humana, ela é perfeitamente adequada às necessidades dos cães. Essa perspectiva visual influencia diretamente o seu comportamento:

  • Procura e localização: A sensibilidade ao movimento e os contrastes de cores ajudam-nos a localizar brinquedos e outros objetos.
  • Interação com humanos: Os cães são altamente responsivos à linguagem corporal humana, muitas vezes interpretando movimentos sutis que escapam a outros animais.
  • Adaptação noturna: A capacidade de ver em ambientes com pouca luz facilita atividades durante o entardecer e a noite.
 A Visão Canina e as Outras Dimensões Sensoriais

A visão é apenas uma peça no quebra-cabeça sensorial dos cães. Eles dependem mais fortemente do olfato e da audição para explorar o ambiente. O seu olfato altamente desenvolvido permite-lhes identificar objetos e pessoas a quilómetros de distância, enquanto a audição sensível capta frequências que estão além do alcance humano.

Essa integração sensorial cria um mundo diferente do que conhecemos. Para os cães, a visão complementa as suas outras percepções, formando uma experiência rica e tridimensional do ambiente.

Esta adaptação é menos importante para distinguir frutas ou vegetação (como acontece nos primatas) e mais voltada para identificar movimentos e contrastes no ambiente.
 
Campo de Visão Ampliado e Acuidade Visual
 
Os olhos dos cães estão posicionados de forma diferente em comparação aos dos humanos, geralmente mais nas laterais do rosto, o que lhes dá um campo visual amplo, variando entre 240 (braquicéfalos – bulldogs) e 270 (dolicolicéfalos – galgos) graus. Isso é significativamente maior que o campo de visão humano, de cerca de 180 graus.
 
Por outro lado, a acuidade visual dos cães é menos detalhada. Em termos comparativos:
 
Esta característica reflete a sua origem evolutiva como caçadores, onde detectar o movimento das presas em potencial era mais crucial do que identificar detalhes.
 
Sensibilidade ao Movimento e Visão Noturna
 
Os cães são extremamente sensíveis ao movimento. Eles conseguem detectar mudanças mínimas no ambiente a grandes distâncias, mesmo quando os objetos estão fora do alcance detalhado da sua visão. Essa capacidade evoluiu como uma ferramenta essencial para caçar e detectar perigos.
 
Além disso, os cães possuem excelente visão noturna. Isso deve-se à presença de uma camada especial na retina, chamada tapetum lucidum, que reflete a luz e melhora a sua capacidade de ver em condições de baixa luminosidade. Enquanto os humanos dependem da luz artificial para ver no escuro, os cães conseguem navegar em ambientes sombrios com relativa facilidade, embora com menor nitidez.
 
Comparação com Outras Espécies
 
Se compararmos a visão dos cães com a de outras espécies, podemos perceber como as suas características visuais são especializadas:
 
Visão e Comportamento: Como os Cães Navegam pelo Mundo
 
Embora a visão canina não seja tão rica em detalhes e cores como a humana, ela é perfeitamente adequada às necessidades dos cães. Essa perspectiva visual influencia diretamente o seu comportamento:
 
 
A Visão Canina e as Outras Dimensões Sensoriais
 
A visão é apenas uma peça no quebra-cabeça sensorial dos cães. Eles dependem mais fortemente do olfato e da audição para explorar o ambiente. O seu olfato altamente desenvolvido permite-lhes identificar objetos e pessoas a quilómetros de distância, enquanto a audição sensível capta frequências que estão além do alcance humano.
 
Essa integração sensorial cria um mundo diferente do que conhecemos. Para os cães, a visão complementa as suas outras percepções, formando uma experiência rica e tridimensional do ambiente.
 

Conclusão: Aprendendo a Ver com os Olhos de um Cão

Compreender como os cães veem o mundo ajuda-nos a relacionarmo-nos melhor com eles. Saber que eles veem cores de forma limitada, mas possuem excelente capacidade de detecção de movimento e visão noturna, permite-nos ajustar as nossas interações, seja na escolha de brinquedos, no treino ou nos passeios.

A visão canina é um testemunho da sua evolução e adaptação, mostrando que, embora vejam de maneira diferente, estão perfeitamente equipados para viver ao nosso lado como companheiros fiéis e atentos. Ao explorar a sua perspectiva única, podemos fortalecer os nossos laços com estes incríveis parceiros.

 

Nota – Este artigo foi criado com base nas últimas investigações acerca da visão canina.

 

Sílvio Pereira


04/12/24

Esterilização e Castração - Efeitos sobre o comportamento do cão e cadela

 

Aparelho reprodutor e urinário da cadela

Nos cães, a eliminação das hormonas sexuais masculinas (testosterona, principalmente) reduz ou elimina a aparição de alguns comportamentos sexualmente dimórficos (aqueles que se apresentam com diferente frequência no macho e na fêmea) como a marcação com urina, assim como os rituais próprios do comportamento sexual.

Apesar disso, com demasiada frequência, utiliza-se a castração como um tratamento inespecífico para problemas de comportamento nos machos para os quais não existe uma indicação precisa. Isto, juntando a uma cirurgia que proporciona respostas muito variáveis nos animais, desperta numerosas dúvidas no que respeita à sua efectividade tanto entre os profissionais como entre os tutores.

Ainda que grande parte  dos estudos realizados para comprovar a eficácia da castração no tratamento dos problemas de comportamento foram efectuados há algum tempo e, provavelmente necessitem de ser revistos, em linhas gerais as indicações para a castração são as seguintes:

·      Problemas relacionados com a conduta sexual: os comportamentos de monta inapropriada ou o vagabundeio (afastamento para procura de fêmea em cio);

·      Problemas de marcação com urina: a redução ou eliminação deste comportamento observa-se principalmente na residência. Durante o passeio, muitos destes animais continuam a fazê-lo normalmente. Isto parece estar relacionado com a diferente intensidade dos estímulos olfactivos presentes em ambos os locais;

·      Problemas de agressividade: a  principal indicação neste tipo de problemas é a agressividade intra-sexual. Apesar disso, e ainda que os resultados são muito variáveis, em geral recomenda-se a castração nos casos de agressividade dirigida para com os membros da família. Raramente a castração, por si só, corrigirá o problema, mas pode ser uma ajuda no tratamento da modificação comportamental.

Para outros problemas de comportamento, como outros tipos de agressividade, casos de hiperactividade, medos ou fobias, etc., não está indicada a castração. 

No quadro seguinte apresentam-se as percentagens de melhoria ou eliminação das condutas problemáticas atrás mencionadas.

 

Comportamento

Percentagem

Vagabundeio

90

Monta

65

Agressividade intra-sexual

60

Marcação com urina

50

Agressividade para com a família

30

Agressividade territorial

0

Agressividade por medo

0

Fonte: Hart et al., 1997

Em qualquer caso, os efeitos da castração parecem ser independentes da idade e se já houve comportamentos agressivos enraizados anteriormente à data em que se realiza a castração e os seus efeitos podem ser imediatos. Nalguns casos observa-se uma fase inicial de melhoria rápida, e noutros mais lenta e progressiva que se dilata até, em muitos casos, aos seis meses.

Efeitos sobre o comportamento da cadela

Os efeitos das hormonas sexuais femininas (estrogénios) sobre os problemas de comportamento nas cadelas estão muito menos estudados que nos cães. 

É interessante, principalmente o efeito que tem sobre dois problemas de agressividade específicos: a agressividade para com os membros da família e a agressividade intra-sexual.

Na agressividade por conflito social (complexo de controlo) para com os elementos da família, observou-se que as fêmeas que apresentam sinais prematuros (antes da puberdade) de agressividade, a esterilização pode agravar o problema se a intervenção cirúrgica se realiza antes dos 12 meses de idade. Portanto, nestes casos e por estes motivos, a esterilização deve ser evitada.

No que respeita à agressividade intra-sexual, se normalmente o problema se agrava significativamente quando a fêmea está em cio ou com gravidez psicológica e melhora durante o resto do ciclo sexual, pode recomendar-se a esterilização como ajuda ao tratamento.

Castração química

Muitos tutores de cães machos problemáticos não estão muito receptivos à castração do animal, sejam pelos resultados incertos que proporcionam a cirurgia, sejam pela ideia que têm que a castração afecta consideravelmente a “integridade” do cão. 

Para estes casos, à falta de estudos mais conclusivos, existe actualmente uma opção que permite prever com exactidão a eficácia da castração sobre alguns problemas de comportamento característicos dos machos.

Esta opção consiste numa “castração química” que se apresenta sob a forma de um implante subcutâneo de uma substância análoga  da hormona libertadora de gonadotropina (GnRH), de libertação controlada, que bloqueia a libertação de testosterona durante um período de cerca de seis meses. Este fármaco, chamado deslorelina, apresenta, segundo os estudos farmacológicos preliminares realizados, uma eficácia muito similar à castração cirúrgica para controlar os comportamentos sexualmente dimórficos nos cães, como são os casos da monta, marcação com urina, vagabundeio, e agressividade intrasexual.

 

Sílvio Pereira


02/12/24

Proteína animal vs proteína vegetal na alimentação canina

 


Com este artigo pretendemos aprofundar as diferenças, benefícios e limitações das proteínas animal e vegetal na alimentação canina, além de discutir a viabilidade e o impacto de dietas alternativas, como as vegetarianas ou vegans, para cães.

1. Composição e Qualidade das Proteínas

A proteína é essencial para todo o organismo do cão, pois fornece aminoácidos, que são vitais para funções como: 

  • Construção e reparação de tecidos musculares e orgânicos;
  • Suporte ao sistema imunológico;
  • Produção de hormonas e enzimas;
  • Saúde da pele e do pelo. 

Estas funções exigem que os cães consumam uma quantidade e qualidade adequadas de proteínas. Vamos ver como as proteínas animal e vegetal diferem nesse sentido.

Proteína Animal: Composição e Vantagens

  • Perfil Completo de Aminoácidos Essenciais: Proteínas de fontes animais como carne de vaca, frango, peixe, ovos e fígado oferecem um perfil completo de aminoácidos essenciais. Os cães precisam de 10 aminoácidos essenciais que eles não conseguem sintetizar sozinhos (como lisina, metionina, taurina, entre outros) e que, em geral, são encontrados em boas quantidades nas proteínas animais;
  • Alta Digestibilidade e Absorção: A proteína animal é altamente bio-disponível, o que significa que o corpo do cão consegue digeri-la e absorvê-la com mais eficiência. Isso facilita a utilização dos nutrientes pelo organismo do cão, especialmente para cães com maior necessidade proteica, como cachorros em crescimento, cadelas em gestação e lactação, cães de trabalho e desporto e cães de raças grandes;
  • Fonte Natural de Nutrientes Específicos: Além da proteína, as fontes animais fornecem nutrientes importantes, como ácidos gordos omega-3 e omega-6 (importantes para a saúde da pele e do sistema cardiovascular), vitamina B12 (fundamental para o sistema nervoso) e minerais como zinco e ferro. 

Essas características tornam as proteínas animais uma excelente base para a dieta de um cão, já que aportam a requisitos nutricionais de forma completa.

Proteína Vegetal: Benefícios e Limitações

Embora as proteínas vegetais como soja, lentilhas, ervilhas e grão-de-bico possam complementar a dieta canina, elas apresentam desafios:

  • Aminoácidos Incompletos: As proteínas vegetais têm perfis de aminoácidos incompletos, o que significa que uma única fonte vegetal não é capaz de fornecer todos os aminoácidos essenciais que o cão necessita. Para construir uma dieta completa, seria necessário combinar diferentes fontes vegetais para obter todos os aminoácidos, o que pode complicar o equilíbrio alimentar; 
  • Menor Digestibilidade e Absorção: O sistema digestivo dos cães tem mais dificuldade em processar proteínas vegetais, resultando numa menor bio-disponibilidade. Isso significa que, para fornecer o mesmo valor proteico, pode ser necessário aumentar a quantidade de proteína vegetal em comparação com a proteína animal, o que pode afetar o balanço calórico e a quantidade de fibras ingeridas;
  • Benefícios e Compostos Adicionais: Em contrapartida, alimentos vegetais oferecem fibras e antioxidantes que beneficiam a saúde intestinal e o sistema imunológico. No entanto, algumas plantas contêm compostos anti-nutricionais, como fitatos e oxalatos, que podem interferir na absorção de minerais como ferro e cálcio. 

2. O Papel das Proteínas na Saúde Canina

A saúde dos cães depende muito da qualidade da proteína que eles consomem. O tipo de proteína e sua digestibilidade influenciam diretamente a energia, a manutenção muscular, a função imunológica e a saúde geral do cão. Um desequilíbrio ou deficiência de aminoácidos pode causar problemas, como fraqueza muscular, perda de peso, problemas de pele e uma resposta imunológica reduzida.

Vantagens das Dietas que Combinam Fontes Proteicas

Uma abordagem equilibrada que utiliza tanto proteínas animais como vegetais pode ser vantajosa em várias situações, como:

  • Diminuição de Custos e Sustentabilidade: As proteínas vegetais são uma alternativa mais económica e sustentável que pode ajudar a reduzir custos de produção de alimentos e o impacto ambiental; 
  • Melhor Controle de Alergias Alimentares: Alguns cães são alérgicos a certas proteínas animais, como carne bovina ou frango. Nessas situações, fontes vegetais ou proteínas animais alternativas, como peixe, podem ser úteis;
  • Apoio à Saúde Digestiva: As fibras das fontes vegetais ajudam na digestão e favorecem o crescimento de bactérias benéficas no intestino, promovendo uma flora intestinal saudável e prevenindo a obstipação. 

3. Dietas Vegetarianas ou Veganas para Cães: É Possível?

Com o aumento de opções vegans e vegetarianas para cães no mercado, muitos tutores questionam-se sobre a viabilidade de uma dieta exclusivamente à base de plantas. Embora alguns cães possam viver bem com dietas vegans ou vegetarianas bem formuladas, é fundamental lembrar que esses planos alimentares exigem suplementação rigorosa e orientação profissional para evitar deficiências.

Suplementação Essencial em Dietas Vegetais

Para tornar uma dieta vegan ou vegetariana adequada para cães, é preciso incluir:

  • Taurina e Carnitina: Aminoácidos críticos para a saúde cardíaca e muscular. Taurina, em especial, é essencial para o coração e não é facilmente encontrada em plantas; 
  • Vitamina B12: Fundamental para o sistema nervoso e não presente em fontes vegetais. Deve ser suplementada para evitar deficiências graves;
  • Zinco e Ferro: Minerais encontrados em abundância nas fontes animais, mas menos bio-disponíveis nas plantas. Suplementos podem ser necessários para manter os níveis adequados.

Apesar de ser possível, uma dieta vegetariana ou vegan exige monitoração constante e ajuste profissional para garantir que o cão recebe todos os nutrientes. A alimentação baseada em proteínas animais continua a ser mais natural e completa para a saúde dos cães, considerando o seu sistema digestivo adaptado para processar a carne.

4. Conclusão e Recomendações Práticas

Para a maioria dos cães, uma dieta baseada principalmente em proteínas animais é a melhor opção para suprir todas as necessidades nutricionais, garantindo alta digestibilidade e um perfil completo de aminoácidos. Contudo, proteínas vegetais podem ser um bom complemento em dietas mistas, ajudando a equilibrar o custo, a acessibilidade e a digestão.

Caso o tutor considere uma dieta exclusivamente à base de plantas, é imprescindível:

  • Procurar Orientação Veterinária: Um veterinário ou nutricionista animal pode recomendar a suplementação necessária e realizar exames periódicos para monitorizar a saúde do cão; 
  • Investir em Alimentos Comerciais de Qualidade: Muitos alimentos comerciais vegans para cães são formulados especificamente para atender às necessidades nutricionais, com suplementação de aminoácidos e vitaminas essenciais;
  • Monitorizar a Saúde do Cão: Qualquer mudança de dieta deve ser acompanhada de observação atenta ao comportamento, ao peso, à saúde da pele e do pelo, e à energia do cão, além de exames regulares. 

Conclusão Final

A proteína animal ainda é a mais recomendada para a dieta dos cães pela sua alta qualidade e compatibilidade biológica. As proteínas vegetais podem fazer parte da alimentação, mas devem ser usadas como complemento e com cuidado em dietas exclusivamente vegetais.

 

Sílvio Pereira